Se as promessas dos regimes populistas, cleptocráticos e ditatoriais fossem para cumprir, valia a pena ter eleições todos os anos. Angola é o MPLA são exemplos acabados. A meia dúzia de dias das eleições, eis mais uma das promessas diárias que o regime saca da cartola da demagogia. Ora então, agora a zona sul da capital, Luanda, vai contar nos próximos dois anos com um novo hospital para cuidados materno e infantil, com capacidade para 350 camas, desafogando assim a principal maternidade e pediatria no centro da cidade.
Até agora Angola (um espécie de país dominado há 42 anos pelo mesmo regime, pelo mesmo partido) lidera o ranking mundial da mortalidade infantil. E assim vai continuar. As eleições vão passar e as nossas crianças continuarão a ser geradas com fome, a nascer com fome e a morrer, pouco depois, com fome.
O vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, lançou hoje a primeira pedra para a construção do hospital, a ser erigido no distrito urbano da Camama, município de Talatona, numa área de 40 mil metros quadrados.
Na sua intervenção, o ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo, disse que a construção daquela nova unidade hospitalar, com o custo de 32 mil milhões de kwanzas (162,3 milhões de euros) visa acelerar a redução dos índices de mortalidade infantil e contribuir para a qualidade e esperança de vida da população.
O ministro sabe o que diz mas não diz o que sabe. Segundo o governante, melhoria da saúde materno-infantil é uma das prioridades do executivo angolano, em resposta à grande procura de cuidados de pediatria e obstetrícia por parte da população. Aí está. Prioridade do executivo, diz Luís Gomes Sambo, embora saiba que a prioridade do governo, do também seu governo, não é criar riqueza mas sim ricos, não é servir o povo mas, antes, servir-se do povo.
“Estamos convictos que um dia neste mesmo local, as nossas mulheres, em idade de procriação, encontrarão os cuidados pré-natais e o parto seguro e as nossas crianças encontrarão o carinho de qualidade por parte dos profissionais de saúde”, disse o ministro na convicção, genética no MPLA, de que a grande maioria dos angolanos – sobretudo dos 20 milhões de pobres – é constituída por matumbos.
Luís Gomes Sambo frisou que a construção do futuro hospital na zona sul da capital tem o objectivo de descongestionar “a grande pressão assistencial actual dos bancos de urgência da Maternidade Lucrécia Paim e do Hospital Pediátrico David Bernardino, que passarão a ter mais disponibilidade para estudos e tratamento de doenças mais complexas”.
“Este é um investimento criterioso, de acordo com as normas e padrões confiáveis, pois tivemos em conta o nível actual de procura e oferta de serviços, a nova divisão administrativa de Luanda e a distribuição demográfica, de grupos etários de acordo com os dados do censo”, indicou o ministro.
O edifício, de dez andares, três dos quais subterrâneos, comportará três blocos, com serviços de urgências clínicas, sala de partos, obstetrícia e ginecologia, pediatria, fisioterapia e reabilitação física, cirurgia, unidade para queimados, para terapia respiratória, laboratórios de análises clínicas, sistema de imagiologia e radiodiagnóstico, uma morgue e um parque de estacionamento.
Também hoje, Manuel Vicente procedeu ao acto simbólico para a construção do Instituto de Hematologia Pediátrica de Angola, que será construído em dois anos, para o atendimento de pacientes com doenças do fórum hematológico, como anemia falciforme, leucemia aguda e crónica e linfomas.
A infra-estrutura, de cinco andares, será constituída por zonas técnicas e administrativas, designadamente dez consultórios, sala de observação, de transfusão, laboratório de imagiologia, anfiteatro, necrotério, com 12 gavetas, farmácia, lavandaria, área para depósito de resíduos hospitalares e parque de estacionamento.
O titular da pasta da Saúde no seu discurso frisou que o futuro instituto terá uma capacidade de atendimento de 100 crianças por dia, 60 por cento em serviços de urgência e 40 em consulta externa.
Luís Gomes Sambo realçou que outras das áreas de intervenção serão os serviços de hemoterapia pediátrica, em ligação com o Instituto Nacional do Sangue, o centro de transplante da medula, em colaboração com o Instituto de Luta contra o Cancro.
“Este projecto do Ministério da Saúde está orientado para a assistência médica a doentes do fórum hematológico e imuno-hematológico, realizar investigação clínica, epidemiológica e especializar pessoal técnico no domínio da hematologia”, apontou o ministro.
Folha 8 com Lusa